terça-feira, novembro 07, 2006

Panela velha e que faz comida boa

Capa da Ilustrada de domingo – com direito à continuação da matéria no miolo -, Regina Duarte se gaba de seus 40 anos de profissão e discute questões muito importantes para a teledramaturgia nacional, como as rugas que o software usado pela Globo consegue apagar. Um destaque imenso da Folha de São Paulo – que na mesma edição traz um caderno Mais impecável - para uma das atrizes mais malas da TV brasileira. Mas esse não é o tema principal desse texto. Convenhamos, não vou ficar perdendo tempo com Regina Duarte.

Cito a atriz porque na mesma Ilustrada, agora na contracapa, como uma ironia, o poeta Ferreira Gullar escreve um artigo lúcido, valorizando as rugas como um mapa de maturidade. Despretensioso, porém preciso, afiado e denunciador – como me parece Gullar. Ele segue na contramão do discurso de Regina. Mostra que a urgência por novidades é uma das ciladas, ou melhor, das regras desta versão de capitalismo moderna. Enquanto Regina se deslumbra com o poder cirúrgico do software mais moderno, Gullar constata e denuncia toda a tentativa de tornar conteúdo e valores rasos e liquefeitos.

Fiquei pensando nisso, porque faz parte do cotidiano. Sem perceber, você cantarola o que não quer – talvez a última novidade norte-americana; assiste e absorve programas e informações inúteis; e sai desfiando por aí uma cantilena de novidades que fazem de você alguém informado, antenado, cool. E quando a rotina não dá espaço para tanta novidade, você se sente entediado e corta o cabelo para evitar a depressão. A ditadura da novidade, Gullar tem razão, massacra qualquer possibilidade de crescimento, de maturação de idéias,

O velho, visto como obsoleto, é continuidade, é o tempo de digestão de toda a informação captada ao longo do percurso. Se não existe tempo para pensar e digerir as informações, elas se tornam desnecessárias, rasas, absorvidas apenas por osmose.

segunda-feira, novembro 06, 2006

As tiradas do Luquinhas

Tarde de domingo. Descansando do almoço. Deitados no sofá, eu e o Lu conversamos sobre o natal. A lista de presentes para a família é interminável e a gente vai brincando de levantar os nomes dos presenteados. Chega a vez da minha cunhada.

- Lu, vamos pedir para o papai do céu dar um bebê de presente para a tia B? É que o papai do céu sempre atende os pedidos das crianças.

- Então vou pedir para o papai do céu um menino grande, mãe.

Dou corda:

- Um menino grande? Como assim?

- É, mãe [diz ele irritado com a minha falta de entendimento. Tipo: mãe, sua burra]. Vou pedir um menino grande meu, da gente, para brincar comigo todo dia.

- Meu Deus, você quer um irmão? É isso? Da minha barriga?

- Isso, mãe. Eu quero um irmão da barriga. Grande, do meu tamanho para brincar comigo.

- Mas, filho, eles nascem pequenos e pode até ser uma menina. Vai demorar para ele crescer e a mamãe não vai fazer um bebê tão cedo.

- Pode fazer um bebê, mãe. Pode deixar, que eu ensino a fazer xixi no penico e não deixo o Bily arranhar ele.


Não falei mais nada. Ele se aproveitou para pedir um irmão para o papai do céu. E só tem 3 anos o safadinho. Filho único é mesmo muito solitário.

sexta-feira, outubro 27, 2006

Aquisição paulista

Entre a breja dos paulistas e a cerva dos cariocas, fico com os paulistas. O palavra bonita essa, BREJA. E tem mais ar de carioca, com suas brejeirices do que de paulista. Belíssima aquisição para o meu vocabulário. Palavra para falar com gosto e encher a boca.

Bipolaridade

Acho que a bipolaridade é o novo mal do século. 80% das pessoas que conheço se enquadram perfeitamente nas caracterícticas de uma pessoa bipolar e fazem até piada com isso.

Que estressado que nada. Cool agora é ser bipolar e se dar ao luxo de ir da euforia à depressão num passe de mágica.

Identidade

Um ano e quatro meses de São Paulo depois e me bateu uma síndrome do (i)migrante saudoso e desnorteado. Que nenhum paulista - desculpa, paulistano - me leve a mal, amo São Paulo e não me vejo morando de novo no Rio. Mas tenho sentido uma espécie de asfixia, um sufocamento típico de quem mora nas grandes cidades. E não falo aqui sobre poluição.

No Rio, com toda a vertiginosa violência, ainda que você não vá à praia, você sabe que ela está ali, passa pela via de carro e tem o mar como cenário. TEM HORIZONTE. O fato é que se trata de um horizonte meramente ilustrativo, contemplativo, porque a real chance de trabalho mora mesmo em São Paulo. E é aí, nesse ponto nevrálgico, que quero chegar. Eis o fruto da minha angústia: trabalho.

Parece que por essas bandas só se fala sobre isso. Falta um papo mais leve, de boteco, descompromissado, de Havaianas e pés sujos de areia de praia sem frescurites de assepsia. Tenho a impressão, ou melhor, venho constatando, que mesmo que você converse sobre tudo, o trabalho estará sempre ali, rondando os integrantes do bate-papo, pronto a dar o bote e tomar conta da conversa.

Eu adoro trabalhar, não é isso. Mais uma vez, não me entendam mal. Mas eu também adoro o tempo fora do trabalho, no qual relamente posso me abastecer de novas sensações, de emoções, de gente, de cultura. Começo a pensar que talvez esta seja a grande diferença entre paulistas e cariocas. Paulistas levam o trabalho tão a sério que parece que estão trabalhando até nas horas vagas. Cariocas precisam do tempo livre para trabalhar melhor, com mais entusiasmo.

Posso estar errada, isso tudo pode ser apenas um delírio comum de uma carioca um ano e meio de trabalho em São Paulo depois, mas o fato é que entrei numa neurose de trabalho e, mesmo quando vou ao Rio, é difícil falar de outra coisa. São Paulo tem o dom de conjugar scarpins e correrias desvairadas; de te fazer trocar o chá pelo café; e de te compelir a trabalhar ainda que a noite esteja no fim e filho e marido já estejam na cama, cansados de te esperar. Porém o mais duro é ter que aturar as grosserias de gente bronca que pensa que todo carioca é malandro, diz colé mermão e só veste cartola e terno branco com blusa de listras. Aí, sou obrigada a dizer que malandro é malandro e mané é mané, porra!

Ainda assim, algumas das amizades mais sinceras tenho feito por aqui. Com gente solitária, original daqui ou importada. Ninguém tem tempo para amigos, por isso mesmo os amigos que se faz ao longo do percurso são tão valorizados.

Para nao esquecer quem sou

Durante a infância fui impelida a ler "Polyana". Depois, na adolescência, foi a vez de "Polyana Moça". Livros que te dizem que ainda que tudo esteja uma bosta, sempre tem algum aspecto positivo com o qual você pode se agarrar. Quantas vezes ouvi essa mesma história da minha mãe, que tentava nos mostrar o lado bom do mundo, do ser humano. Daí, você cresce ao lado de tanta desgraça... É fome, miséria, violência, traição, um querendo comer o outro... E tem que se blindar de alguma forma, tem que aprender que o mundo não é feito só de gente boazinha. Pelo contrário. E agora, é minha vez de passar alguma esperança para o meu filho. Meu otimismo e esperança são incorrompíveis, mesmo nos momentos de maior desânimo e descrença.

CASA DOS 30

Acordei deprê como em toda véspera de aniversário. Não sei o por que, mas é sempre assim. Vai chegando o dia, vou ficando melancólica, deprimida, sensível e de saco cheio, com muita vontade de reviravoltas. Estou chegando aos 30 anos e acho que tenho pensado nisso nos últimos dois anos, o que foi bom já que amenizou a crise. E acho que apesar de ainda não ter alcançado uma série de resultados - que eu imaginava aos 18 anos-, cheguei aos 30 com muita dignidade. Sou uma mulher integral.

sexta-feira, agosto 18, 2006

Eu faço samba e amor ate mais tarde

Depois de virar a noite na agência e não conseguir dormir o tantinho de madrugada que me restava, acordei com gosto de poesia. Graças a Deus. " Eu faço samba e amor até mais tarde e ainda tenho muito a fazer..." Grande Chico. Deu até vontade de aprender a tocar violão só para compor - desejo antigo. Mais uma para a minha lista de coisas que quero fazer antes de morrer

quinta-feira, agosto 17, 2006

Constataçao cruel

Que o mercado de trabalho anda muito fechado, todo mundo sabe. Você conhece uma meia dúzia de pessoas talentosas, desempregadas anos a fio, e se depara com uma certa dificuldade quando quer mudar de emprego. Paciência, é questão de tempo. Mas a verdade é que, quando você tem um trampo, acaba perdendo a real dimensão de como a coisa anda preta. Acabei de coordenar um processo de seleção para redator e fiquei estarrecida. Segui a cartilha, como manda o figurino, com anúncio no Comunique-se, definição de faixa salarial - que não era lá essa maravilha-, e job description. Dez minutos depois, os e-mails começaram a jorrar desesperadamente na minha caixa. Para a minha surpresa, não se tratavam apenas de jovens entre 21 e 25 anos. Aliás, a grande massa estava acima dos 40, com uma experiência muito maior do que a minha - diploma de doutorado, aulas ministradas em faculdades, atuação internacional, inglês, francês, alemão... Enfim, todo o tipo de profissional gabaritado, desempregado, concorrendo a uma vaga para recém-formados e aceitando salário bem abaixo do aceitável nesta fase de vida.

A coisa está preta, sim. Quando a gente vê o Estadão demitindo a velha guarda da Empresa, se desfazendo de profissionais experientes - como quem troca a mobília de mais de 20 anos de uso... Dá medo! Para o capital, ótimo. Gente disposta a ganhar pouco e acumular milhares de funções. Mas para o conteúdo, uma verdadeira tragédia. Porque é a vivência que define a qualidade de um veículo de comunicação. Nada que não se ganhe com o tempo, envelhecendo. É isso mesmo, nesta área a idade faz diferença, amplia o ponto de vista, caleja, dá uma malandragem importante para distinguir a realidade da ilusão e não engolir gato pensando que é lebre.

Mas, vai ver que é exatamente isso que a modernidade não precisa, experiência...

Causo

Queimei o braço no vapor da chaleira, tropecei no filhote de basset que tenho em casa e arranhei a queimadura na parede. O pior é que é verdade. Agora estou com um curativo gigante e horroroso para evitar sair esbarrando com o machucado em tudo que é canto. Ó vida!

terça-feira, agosto 15, 2006

Estréia no telão

Definitivamente, não vou lembrar da minha primeira experiência com cinema. Mas acabei de passar por uma que me pareceu a primeira de todas. Levei meu filho de quase 3 anos para ver Os Sem Florestas. O filme, não é nada demais, feito mesmo para a molecada. Mas a estréia do moleque no telão foi o máximo. Não vou esquecer nunca do frisson já na hora de comprar a pipoca. Ele intuía que aquela seria uma experiência ímpar para a vida dele e estava na maior expectativa. A gente entrou atrasado na sala - pq eu sou mesmo muito enrolada e estava sozinha com criança, combo de pipoca, balde de guaraná, casacos, bolsa e entradas. Já estava escuro e ele apertou forte a minha mão. Sentou na poltrona com o regalo de quem tem um espaço só pra si e ficou louco quando viu a supertela. "Mãe, mãe! Tem uma televisão muito grandona na parede toda!"Ele ficou quase que esmagado pela grandiosidade da tela, sentado na poltrona sem piscar o olho sequer. E entrou numas de comentar em alto som cada cena do filme. Precisei dar as primeiras noções de etiqueta no cinema e o filme foi inteiro com o olho grudado, balde de guaraná a tiracolo e pipoca por todos os lados, menos na boca.

O máximo! Me lembrou Cinema Paradiso. O tipo de experiência impagável. A nossa cumplicidade só aumentou e domingo que vem tem mais. Resumindo, arranjei uma ótima companhia para curtir o telão. É para isso também que servem os filhos. Para quem ainda não entendeu qual a graça de ter um filho, é essa...

quinta-feira, agosto 10, 2006

Tesão. Muito tesão.

Felicidade é chegar aos quase 30 e descobrir que ainda tem força e fôlego para fazer circo. Pelo menos pra mim, é assim. Tinha 15 anos que eu não subia em corda ou trapézio e achei até que não fosse conseguir. Mas a lembrança do momento de realização plena não saiu da minha cabeça todos esses anos. Nesse tempo, pelo menos uma vez por mês, eu sonhei que subia na corda, fazia truque no trapézio e me balançava lá em cima. Agora, que resolvi voltar a fazer acrobacia aérea, nem a TPM tem conseguido me tirar do sério. Além disso, haja abdominal e braço. É bom sentir o progresso na carne.
No primeiro dia, não foi fácil. Deu medo, eu velha ali no meio daquele monte de garotinhas saradinhas, sem saber onde colocar pé, mão, barriga - meu Deus, cada abdominal de matar! Mas o corpo é sábio e, aos poucos, um jeitinho, uma postura, a lembrança de um truque e tudo foi voltando à tona, como há 15 anos. É claro, que a essa altura, não serei uma circense, não vou concorrer ao teste do Cirque du Soleil... Mas ando bem feliz,com a superação semanal dos meus limites, com o meu corpo ganhando vida própria. Como é bom fazer exatamente aquilo que se gosta. Que tesão subir no tecido, virar de cabeça para baixo e me jogar lá de cima, num CABUM! com direito a grito gutural. Quero mais... E ainda vou comprar uma corda para instalar em casa... Doses extras de serotonina para alguém que tem déficit desta substância. Sensacional!

terça-feira, agosto 08, 2006

Saudade

Tem pessoas que saem da sua vida sem qualquer alarde e parece que nunca nem existiram na sua história. Mas tem aquelas que realmente fazem falta, das quais você certamente vai lembrar com muita saudade e carinho pelo resto da vida. Um dia, fazendo compra, preparando um prato qualquer, ou mesmo a reboque do perfume de alguém, você sorri com certa melancolia e lembra do amigo que tanto foi presente em alguma fase da sua vida.
A primeira vez que eu senti pesar por amigos que se iam, eu tinha uns 15 anos, passando da oitava série para o segundo grau. E a minha mãe me disse para aproveitar aquele último período com aquelas pessoas, ao invés de chorar por uma amizade que ainda não tinha terminado. "Você vai passar por muitas separações e essa é só a primeira". Ela tinha toda a razão - como na maior parte das vezes. Muita gente legal passou pela minha vida, sempre deixando alguma contribuição valiosa, mesmo quando negativa. E fui me formando, juntando um pouco de um aqui e de outro ali, a partir de toda esta matéria humana.
Hoje, entendo que o trânsito de gente é importante e natural. Você perde contato com pessoas que adora, porque não tem tempo - ou fica com preguiça, ou tem receio de incomodar - de pegar o telefone e dar um toque, de encontrar para um chopp, ou até por falta de habilidade com follow de amigos. E o trânsito vai fluindo, você conhece pessoas interessantes, deixa de ver outras nem tão legais assim, e passa pela vida de muita gente da mesma forma que passam pela sua.
Ainda assim, sinto falta do meu amigo Pablo. Da amizade desinteressada; das nossas conversas muito engraçadas e sem papas na língua; de suas receitas maravilhosas e rebuscadas; das milhares de garrafas de vinho que tomamos juntos, tentando adivinhar as notas de sabor; dos papos loucos dele com o Andre, meu maridão; de sua família fascinante e artística; e, principalmente, de sua generosidade e atenção. Foi uma dessas amizades que marcou a vida de toda a minha família e que aos poucos foi se desfazendo na poeira dos mal-entendidos e das mudanças bruscas da vida.
Eh, Pablo, espero que você esteja muito feliz, cozinhando a valer por aí, e fazendo amizades tão especiais como a nossa.

sábado, agosto 05, 2006

Falta tempo

Não tenho conseguido escrever. Milhares de coisas ao mesmo tempo, muito trabalho, criança, marido, cachorro... O foda é que justamente a atividade que te dá mais prazer acaba colocada em segundo plano - neste caso em último plano. Mas é que escrever exige um tempo de deglutição dos acontecimentos e sentimentos, de doação, e toda vez que eu sento no computador acabo sendo tragada pela internet, notícias, gmail, orkut,trabalhos trazidos para casa, ou pesquisas que ficaram na cabeça o dia todo. Preciso me dedicar mais ao que realmente gosto de fazer. Preciso de uma assistente do lar, para não passar todo o tempo livre arrumando, limpando e me estressando. Como diz a minha mãe, e eu concordo, eu não sou do tipo de mulher que passa bem tendo que lavar, passar e cozinhar. Confesso que gosto de cuidar da minha casa e, principalmente, de mimar meu marido e filho com guloseimas, surpresas e muitas gentilezas. Mulher tem mesmo dessas, nasceu para gerar vida, cuidar, amamentar, acarinhar e fazer da sua casa um ambiente bem gostoso, familiar.

terça-feira, junho 27, 2006

Estranhezas


Experiência de uma carioca no mundo rock paulista.

Tinha tempos que eu não saia sozinha para ouvir rock, aliás, a minha veia mundana anda resguardada. Digamos, que dar asas ao mundanismo não é pra qualquer um e eu me conheço - melhor deixar quieto. Fui no Hangar ver a banda de um amigo de trabalho e me diverti a valer. Tudo muito estranho e familiar. Preto, muito preto. Cerveja, muita cerveja. Meninotas e moleques encapotados. E, eu, uma trintona com cara de menininha, disfarçada entre a rapaziada - me pediram até o RG n hora de comprar uma breja. A música, pesada e de primeira linha. Só ouvir e deixar fluir... Você aprende isso com o tempo. Ouvir e observar. Viajar sem ajuda de aditivos. Nada que uma latinha de cerveja não resolva. Tenho outros interesses agora.
Cheguei em casa cedo, a tempo de tomar uma sopa com a minha minifamília. Rock'n roll aqui é matinê. Ninguém tem tempo nem para enfiar o pé na jaca. Hard São Paulo.

sexta-feira, junho 16, 2006

Road story


A Sereia Vermelha, de Maurice G. Dantec

Europa, 1993. Enquanto um conselho estabelece as fronteiras e detalhes para a unificação do continente, o então redator publicitário e músico pós-punk Maurice G. Dantec narra o cotidiano de uma Europa globalizada econômica e socialmente em seu romance de estréia A Sereia Vermelha. Considerado um cult da literatura noir francesa, o livro mostra um clímax de violência urbana, típico de países subdesenvolvidos, instalado no berço da civilização.
E ninguém está livre de perseguições, de preconceitos, de assassinatos e de raptos no romance de Dantec. De origens raciais diversas, os personagens convivem com o perigo iminente da violência a cada linha do texto, como espectros do mundo contemporâneo. Cada um cumprindo uma função. A adolescente modelo criada num dos países mais modernos do mundo, a Holanda, é vítima de sua própria mãe, uma legítima representante da elite financeira global. A preceptora, uma asiática estudante de ciências físicas, é assassinada por ter desejado algo mais que o cargo de empregada. O herói, ou anti-herói, francês, um mercenário politizado adepto do fazer justiça com as próprias mãos. A policial holandesa que luta contra a corrupção enquanto busca se encontrar como mulher. O marinheiro inglês, vítima das drogas, que tenta se redimir como pai. O policial corrupto vindo da África do Sul, onde era pago para fazer o serviço sujo. Enfim, uma sucessão de clichês marcados pela formatação do mercado editorial de romances policiais: tudo regado a muito sangue, tiros, perseguições e viagens espetaculares.
Determinações editoriais à parte, o enredo conta a história de Alice, uma adolescente muito inteligente e amadurecida, que ao encontrar uma fita com imagens de tortura e do assassinato (snuff-movies) de sua professora, descobre que sua mãe é uma espécie de vampira moderna, contata o comissariado holandês e foge à procura do pai. Ao saber da denúncia de Alice, sua mãe, Eva Kristensen, coloca um verdadeiro exército de elite em seu encalço. Durante a fuga, Alice conhece Hugo, um mercenário envolvido com o contra-poder terrorista que atuava no leste europeu, que resolve ajudá-la a encontrar seu pai. E aí começa a aventura: a menina foge do bandido, que foge da polícia.
E como não poderia deixar de ser, o romance policial traz aparatos militares de última geração. Granadas, fuzis, pistolas, metralhadoras e até mecanismos da alta espionagem ditam o ritmo da narrativa. Sem fazer juízo de valores, Dantec apresenta as armas de uma histeria tecno-militar generalizada, mostrando personagens preparados para enfrentar qualquer guerra, seja pública ou particular.
O que dá a verossimilhança necessária ao enredo é justamente o cenário. Como pano de fundo para o thriller noir, Dantec elegeu as estradas européias. Alice e Hugo saem da Holanda em velocidade máxima, com escala na Alemanha, na França, na Espanha e em Portugal. É no país lusitano, com suas estradinhas estreitas e arborizadas à beira de penhascos, que a aventura termina. Para completar a road story, uma trilha sonora escolhida a dedo. Em momentos de emoções fortes, com volume no máximo, Easy Rider de Jimmy Hendrix; para não acordar os passageiros, Nashville Skyline, de Bob Dylan; e quando o assunto é delicado, qualquer melodia de Miles Davis.
Para apresentar os personagens ao leitor, Dantec apostou na troca de olhares. Uma pequena olhadela é capaz de desvendar cada personalidade. E os que não olham nos olhos determinam a mesma proposição. Com isso, o autor aproveita para criar pausas, fortalecer as características essenciais de cada um e aumentar o clima de suspense, valorizando a narrativa linear. E talvez seja esse formato que torna a leitura fluente e nos faz não descolar os olhos do livro, acompanhando Alice e Hugo pela Europa até o fim da aventura.

quarta-feira, junho 14, 2006

Tatoo, always tatoo

Há dez anos atrás, louca, fiz uma tatuagem na casa de um hippie que vendia artesanato em Mauá. Do tipo descabelado, sequelado de maconha, mas com uma habilidade incrível para o desenho. Um escorpião no ventre que provocou arrepios na minha família, embora minha mãe tenha adorado; e que durante a gravidez cresceu tanto que se tornou ameaçador. Graças a Deus e ao óleo de amêndoas e uréia, o escorpião voltou ao tamanho normal com perfeição. E continua aqui, num local discreto, avistado de passagem entre um movimento e outro. Por que fazer uma tatuagem? De onde vem este desejo tão forte? Não sei. Fetiche, muito fetiche. Prazer de ver o corpo coberto por arte. Delícia de ver a reação alheia - positiva ou negativa - com a descoberta do desenho feito na pele à custa de dor e sangue - o que faz parte do ritual da tatuagem. Isto tudo e uma curiosidade, um fascínio por este mistério ancestral. Além disso, aquela parte do corpo até então quietinha e neutra, ganha vida própria e sobressai. Cores, geometrias, figuras são parte do repertório. Particularmente, prefiro os desenhos de traços finos, em tom preto, bem delineados, femininos e com uma forte simbologia. Gosto de geometria, de mistério e, principalmente, de simplicidade.
Muito tempo se passou entre a tatoo feita aos 19 anos e as duas feitas agora, seguindo a superstição do número ímpar de "rabiscos". Desta vez, o tatuador era um profissional de verdade e, mesmo assim, tive muito medo. Suei frio e percebi que ao longo dos anos minha coragem diminuiu. Segundo a amiga que me acompanhou no dia da tatoo, "isso é coisa de mãe. Você fica mais prudente e é só isso. Afinal, quem pariu faz qualquer coisa". Achei sábio e resolvi acreditar na tese dela, melhor que me achar covarde.

...Tatoo

E eu que achava que seria uma vovó moderna, cheia de tatuagens, percebi no estúdio do tatuador que tatuagem virou moda. Uma patricinha dourada, do tipo modelona, de cabelo escorrido até a bunda e unhas vermelhas compridas desfilava as suas doze tatuagens, enquanto combinava um kanji para celebrar a amizade com a melhor amiga. Outra patricinha, acompanhada pelo pai-médico, acabava de sair da sala com três estrelinhas estampadas na nuca. E um japinha nerd, sentindo-se liberto, bradava que depois de passar pela tatuagem, ele podia tudo, até mesmo terminar um namoro de cinco anos. E a tatoo tem disso mesmo, é mágica. Tem poderes de feitiço e pode transformar. Tão simbólica que, ancestralmente, é praticada nas mais esotéricas religiões, do candomblé aos rituais maoris, celtas, vikings. Uma pintura clandestina e pagã por tantos séculos, em várias sociedades, orientais e ocidentais, que exerce fascínio em alguns e causa medo em outros. E, mesmo com toda esta mania de tatoo, o preconceito ainda existe e a copeira do meu trabalho está aí para provar. Desde que viu o desenho no meu corpo, parou de falar comigo, está me olhando torto e esqueceu quem eu era. Para ela, eu virei outra pessoa, mostrei minha verdadeira face. Paciência! Não fui a primeira e nem serei a última. Neste caso, um viva para as patricinhas que estão ajudando a romper com o preconceito! rsrsrsrs

Certamente, as próximas duas não vão levar outros dez anos. Prazer, compulsão e volúpia estão marcados na minha pele.

segunda-feira, junho 12, 2006

Esposa de vitrine


Um ponto de encontro atípico funciona como elemento de status em São Paulo - e talvez em outras cidades do mundo -, uma clínica pediátrica para as crianças mais abastadas. Mães lindíssimas, com roupas impecáveis e cabelos ultraescovados flanam pelo enorme salão decorado com design de primeira linha para os pequenos. Ao fundo, uma melodia infantil tocada harmoniosamente em tom de vibrafone. Os pequenos anjos choram, querendo o colo de suas mães, mas são obrigados a se contentar com o amparo de babás entediadas, vestidas de branco dos pés à cabeça. Para cada criança, uma babá comandada pela dondoca que se afeta em ares maternais. Elas se encontram no consultório e discutem a vida dos anjinhos, citando com perfeição os sintomas e nomes dos remédios receitados pelo pediatra superstar. Mulheres quase perfeitas, que não fazem nada de suas vidas, mas que vivem com a agenda ocupada por milhares de compromissos de suma importância. O maior deles: burilar a beleza nos melhores salões e spas.
No passado, a esposa ideal para se apresentar aos amigos e à sociedade era aquela que aparentava fragilidade, presa em espartilhos que, de tão desconfortáveis, causavam sérios problemas de coluna e esmagamento do pulmão. Mulheres que se sentiam enfraquecidas e desmaiavam em eventos sociais, legitimando seu pedigree; e que seguiam a etiqueta aristocrática do culto à inutilidade. Séculos depois, parece que a mulher de sociedade, mesmo livre do espartilho, não mudou. Suas amarras são outras, ela é escrava da chapinha, dos saltos, da malhação, dos cremes anti-age, anticelulite, an-ti-tu-do. Ela precisa continuar alimentando sua inutilidade, sua futilidade, embora deva ter assuntos agradáveis para a conversa no lounge com os amigos. Esta mulher precisa frequentar os lugares certos, nas horas certas, para desfilar sua superioridade paga pelo marido orgulhoso desta exposição. Um troféu dourado que mostra o quanto este homem é poderoso e picudo.

Graças a Deus, a história feminina também foi protagonizada por uma minoria batalhadora, que não engrossou o coro ditado pela sociedade de sua época. Salve Leila Diniz que, em plena repressão de costumes, apresentou sua gravidez com orgulho num biquíni de praia e mostrou em entrevista exclusiva para o Pasquim- numa época em que não se ouvia o que as mulheres tinham a dizer - que mulher também é um ser pensante. Salve também os homens que se fascinam com as diferenças entre os sexos e que acham que mulher completa, ao invés de diferir - como a equipe do Pasquim que quis ouvir o que a Leila Diniz tinha a dizer. São esses homens contra a corrente, que acreditam que mulher não é troféu, nem tem que ser frágil para ser feminina, os verdadeiros machos da espécie.

Queridas, me desculpem a franqueza, mas inutilidade não tem nada a ver com erotismo e sedução, pelo menos não para os homens e mulheres da vida real. Se sujar, brincando com uma criança no colo, amparar o bonitinho quando ele está com medo ou doente, é uma experiência sem igual. Fora que transar exige esforço físico, faz suar e descabela. Pelo bem da humanidade, a mulher inútil e intocável deveria existir apenas num panteão.

domingo, maio 28, 2006

ahhhhhhhh!

Às vezes, acho que vou infartar aos 40 anos, vítima de estresse. A verdade é que a mulher só se fudeu com essa história de direitos iguais, porque o dia-a-dia não tem nada de igualdade. A gente agora trabalha, escolhe uma profissão, se realiza profissionalmente ou não, mas continua com os deveres de casa, tendo que se dividir entre cuidar dos filhos, do marido - e olha que eu nem tenho do que reclamar -, da casa e ainda terminar o dia linda e perfumada. E o pior é que não dá mais para reverter o processo. Uma vez que você tenha ido à luta, não consegue mais voltar atrás e se tornar dona-de-casa. E quem é que quer ser dona-de-casa em pleno século 21, enquanto o mundo gira ao seu redor. Neste ritmo, não duvido muito que em pouco tempo as mulheres passem a ter a mesma expectativa de vida dos homens, que historicamente morrem mais cedo. Eles não são mais os únicos provedores da casa e o estresse é coletivo.

Me estresso com as birras do meu filho, com a imagem de uma pilha de louças para lavar; me estresso quando o ônibus demora mais do que cinco minutos, com a lerdeza da internet banda larga, com o barulho do secador da minha vizinha às 6h30, com o péssimo serviço de atendimento da TV por assinatura, e até quando esqueço de descongelar o jantar. Ando muito estressada e não estou sozinha: há uma legião de estressadinhos aí fora. Aliás, se você vai ao médico em busca de solução, de consolo que seja, a resposta é sempre a mesma, isso é estresse. Estresse e virose são os vereditos preferidos dos médicos. Acho que eles estão tão estressados que nem conseguem pensar em outra patologia. O remédio? Muito simples: "a senhora precisa se estressar menos, comer melhor, evitar a ansiedade, se exercitar e mudar de emprego". Hein?! Saio do consultório mais estressada do que nunca e resolvo que preciso de yoga. Logo lembro que o salário equivalente às 10 horas trabalhadas todos os dias, cinco vezes por semana, não me permite tal extravagância. Estou num beco sem saída: estressada com o meu próprio estresse e viciada neste ritmo de vida em que o almoço precisa ser devorado em vinte minutos. Mas preciso continuar porque ficar parado é um tédio só. Questões de quem vive a modernidade dos tempos...

quinta-feira, maio 25, 2006

Batman sem Robin


Ainda bem que o Batman do século 21 desconhece a existência do Robin.

Síndrome de Batman

Me desculpem os que amam o Batman. Nunca gostei do Batman. Sem superpoderes, com uma roupinha de quinta, brincando de morcegão. Um jovem com muito dinheiro e sem ter com o que gastar. Com um trauma e tormentos psicológicos- aliás, uma característica comum entre os heróis - irritantes. Pois bem. Para o meu azar, meu filho cismou que é a reencarnação do Batman e, em algumas ocasiões, não aceita nem ser chamado pelo nome. Uma criança de quase 3 anos. Ele tem a capa, o peitoral, enfim, indumentária completa do herói que me assombra.

Foi na Páscoa que eu descobri que este não é um privilégio só meu. Muitos outros pais sofrem deste mesmo mal. Os ovos que davam como brinde o carro do Batman se esgotaram em todas as lojas. O mesmo aconteceu com os bonecos e acessórios do morcegão. Na escola, a professora me contou que era uma febre entre a garotada - o Superman vinha em segundo lugar. Fiquei pensando no que fez com que uma legião de pequeninos, recém-saídos das fraldas, ficassem alucinados por um mesmo herói e cheguei à conclusão que não existe nenhuma teoria da conspiração. Está certo que a indústria aposta em alguns heróis, repagina os desenhos animados, colocando mais cor, aperfeiçoando o design, adequando a linguagem aos novos tempos; e aí produz batmans e acessórios em série, que pululam nas vitrines encantadas das lojas de brinquedos. Mas a culpa também é dos pais que, muitas vezes, cansados de um longo dia de trabalho, querendo um pouco de vida particular, deixam as crianças verem televisão indiscriminadamente. E este é um processo em cadeia porque mesmo quando você limita a TV, é obrigado a ceder algum tempinho a mais, que permita que o seu filho não pague mico no colégio e interaja com as outras crianças. Ele precisa ter seu próprio repertório para ser aceito em sua pequena sociedade. E você, que é mãe, que é pai, até acha bem bonitinho, o filhote correndo e gritando pela casa que vai acabar com o Coringa. Resumindo, eu que detestava o Batman, agora sou mãe de um morceguinho muito fofo. E, quem sabe em alguns meses ele terá se transformado no Wolverine - e olha que desse eu gosto.

quarta-feira, maio 24, 2006

crítica de sebo

O Matador, de Patrícia Melo

O salão de beleza poderia estar em Nova York, Berlim ou Tóquio. Não faria diferença. Atmosfera cheirando a sexo, ares de chumbo, como se uma tempestade estivesse prestes a irromper: este é o cenário no qual se descortina a cena mais importante - e talvez a menos original - de O Matador, livro publicado pela roteirista, dramaturga e escritora Patrícia Melo. O momento é de tensão, já que cumula o big ben da narrativa, e Gregor Samsa está prestes a virar barata e a perceber sua metamorfose. Parece Kafka, parece O Estrangeiro, de Albert Camus, mas, embora a intenção seja a mesma, o protagonista, Máiquel, está longe de ser um anti-herói. Jovem da periferia de uma grande metrópole, 22 anos, semi-analfabeto, Máiquel vê nos cabelos tingidos de louro a oportunidade de se tornar alguém. Ele se torna um matador. Um justiceiro, que aumenta as estatísticas de morte e violência em grandes centros urbanos em prol da paz na classe média. É esse o estopim criado por Patricia Melo: cabelos pintados de louro.

Daí a dizer que o livro é todo composto por personagens arquetípicos, costurados em torno do protagonista, não há mistério. Dono-de-botequim-cronista-do-cotidiano, mãe-solteira, mãe-viúva, cheirador, menina-de-15 anos-descolada, delegado-corrupto, patrão-chauvinista, burguesinha-viciada, moça-correta-e-trabalhadora- que-se-envolve-com-bandido. O cast de O Matador reúne tipos que permeiam o imaginário coletivo e se destacam cada um por uma “patologia” diversa. Tudo isso, arranjado entre citações eruditas e inventários enciclopédicos – lembra Rubem Fonseca? É, lembra. Aliás, segundo a própria Patrícia, Fonseca é uma espécie de mentor intelectual da escritora. A diferença é que o texto de Patrícia (pelo menos este) não faz aprofundamentos psicológicos e nem descrições do ambiente social. Tudo bem, “mea culpa”, ela tem todo o direito de não querer compor um romance psicológico ou social. Mas então, porquê enveredar por uma linha de filosofia de pára-choque? Patrícia romantiza o “bom selvagem”, cria um pensamento existencialista para ele, lhe dá um alto poder de análise do sistema social e lava a alma, faz as pazes com o social.

“Eu sou diferente, quando acordo, vou logo dizendo, ei, cachorro, enfia a cabeça embaixo do travesseiro porque hoje é um dia de merda e amanhã também vai ser um dia de merda...eu sou um homem cinza. Eu leio no jornal aquelas coisas todas, Iraque mantém movimento de tropa, refugiados fogem do Burundi para o Zaire, nada disso acontece comigo. Eu não estava no atentatdo que matou vinte e duas pessoas em Tel Aviv”. “Você sabe o que é um kamikase?...Kami quer dizer divino e kaze, vento. Vento divino, aquele almanaque que você me deu é mesmo do caralho. Os furacões que acabaram com as duas frotas de invasão mongóis tinham este nome, kamikaze. O mongol Kublai Khan teria engolido o Japão, se não fossem estes furacões, entendeu? Aí, na Segunda Guerra Mundial, os japoneses , que não sabiam o que fazer contra a tropa americana, que vinha a toda, pensaram nos kamikases. Só os kamikazes poderiam dar um jeito naqueles caras, os americanos”.

E mesmo com todas essas críticas, não há como omitir: Patrícia escreve bem. Linguagem enxuta, direta, ritmo vertiginoso, preocupação com o coloquialismo. Ou seja, prende a atenção pela fluidez do texto; pela maneira como costura os acontecimentos. Escrita sintonizada com o início do século 21, visual, seguindo um estilo “tudo ao mesmo tempo agora”. A autora nos coloca uma infinidade de informações, vai destrinchando-as à medida que a narrativa flui e, o melhor, os personagens fluem junto com a trama. Eles vão seguindo o seu caminho sem saber ao certo para onde vão, mas confiando na escrita da autora. A composição de O Matador, e não o enredo, mereceu premiação. O livro foi incluído entre os cinquenta Latin American Leaders for the New Millennium; e recebeu os prêmios Deux Océans e Deutsch Krimi.

Em 1929, a romancista Virgínia Woolf afirmou num de seus livros que, “para fazer literatura, a mulher antes precisa ter dinheiro e um teto todo seu”. Não que a mulher do século 21 não queira a mesma coisa, ser dona do próprio nariz, mas hoje ela participa do universo literário sem antes ter que apresentar sua carteira do clube da luluzinha, sem sofrer preconceitos por ser mulher. O fato é que homens e mulheres vêem o mundo de maneiras diferentes. E o matador da trama de Patrícia é diferente de todos os matadores delineados por Rubem Fonseca, porque é feminino. E são as mulheres os personagens mais fortes da trama. Érika, a amante de Máiquel, sim, é a justiceira.

Ao natural

Prazer! Esta sou eu, num momento São Paulo. É que sou carioca, daquelas que adora praia, Matte Leão, biscoito Globo, feijão preto, Baixo Gávea, amigos com muito chchchiado e andar de chinelo - liberdade para os pés! Não sou nada engomadinha! No maquiagem e no chapinha. Mas São Paulo está sendo uma ótima surpresa.

Estréia

Durante um bom tempo, tive vontade de criar um blog, mas não era uma vontade tão legítima assim. Misto de preguiça, falta de tempo - que continuo sem-, um pouco de acanhamento e muito trabalho com um filho de 3 anos, que solicita atenção integral. Enfim, aquelas questões que permeiam a vida de qualquer mulher deste século. Mas, a ficha caiu, e chegou o tempo de escrever. Bateu uma vontade de escrever sobre tudo o que me deixa com a orelha em pé; de falar de tudo e não falar de nada. Acho que cada um tem mesmo um tempo próprio e deve aprender a lidar com isso. Mas esse aqui não vai ser um blog de auto-ajuda ou de baboseiras pseudo-existenciais, pseudo-intelectuais... Vou falar do que me der na telha, vou postar os meus escritos, brincar de crítica literária... mas não me levem a sério, porque escrevo para me divertir um pouco.

cheguei

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