quinta-feira, junho 07, 2007

volta às origens

Estou voltando a um ponto que ficou para trás: a poesia. Aos poucos vou estreitando os laços, lendo os velhos eternos poetas e conhecendo outros de igual genialidade. Quando foi que me afastei da poesia? A resposta não guarda nenhum mistério. Foi quando ingressei no mercado de trabalho. Sou muito caxias e quando me meto a fazer alguma coisa, quase me torno prisioneira da tarefa. Fico compulsiva. Mas estou aprendendo a conviver com esse lado que, se por um lado é aliado, por outro acaba se voltando contra mim.

Enfim, volto à poesia de mansinho, enlevada pelos versos de Wislawa Szymborska. Uma poeta polonesa que conheci através da Piauí. Genial, sutil, sensível e precisa. Transcrevo uma de suas poesias:

Encontro Inesperado

Nós nos tratamos com extrema cortesia,
dizemos: quanto tempo, que bom revê-lo.

Nossos tigre bebem leite.
Nossos falcões preferem o chão.
Nossos tubarões se afogam no mar.
Nossos lobos bocejam diante da jaula aberta.

Nossas cobras perderam seu lampejo,
nossos macacos, sua graça; nossos pavões, suas plumas.
Faz tempo que os morcegos deixaram nossos cabelos.

Caímos em silêncio no meio da conversa,
e não há sorriso que nos salve.
Nossos humanos
não sabem falar uns com os outros.