quarta-feira, novembro 11, 2009
esfera refletora
(ilustração: Escher)
Me vejo na esfera refletora de Escher
Eu, Borges e o outro
Poeira representada
Redemoinho ordenado
Tudo em composição pragmática
O que busco não é a mera confissão
Quero entender o que de meu
É no outro
Quero o Aleph de Borges
Indagações e mutismo
Investigo os cantos obtusos
Arestas e redondos
Ângulos de um ponto que mal posso ver
Se mantenho o corpo ereto
Se me apego ao polegar opositor.
É preciso desnaturar, desconhecer, deixar de ser
E então o caos se operará
Como um milagre em que as coisas sem ordem
Dissonantes
Passam a fazer sentido.
Fragmentos
alma-vômito
Minha alma
Muda
Contrai, insufla
Presa na garganta
Espessa e fofa
Matéria densa
Que o corpo expele
Muda
Contrai, insufla
Presa na garganta
Espessa e fofa
Matéria densa
Que o corpo expele
domingo, novembro 08, 2009
:"ano da comunicação"
:“ano da comunicação”
diziam os números
códigos de letras
com valores estanques
e não tive nada a dizer
remoí, remoí, remoí
sem respostas
sem ruídos audíveis aos outros
apenas algoritmos e cordas
nada do plano sabia
as vozes
as que diziam os números
queriam espaço
cavavam os ocos
visgavam olhos, ouvidos, estômago
ruminei, digeri,vomitei
comi
mastiguei as vozes
com o ódio de quem é descoberto
queria lhes dar fim
retesei cada arco
queria esgarçar
desnaturar
esvaziar
trancadas
– eu e as vozes –
travamos
corpo a corpo
marcas sem ruído
entranhas unhadas
mãos abatidas
boca esfaqueada
E agora
que o ano se esvai
rogo para que os astros
e os códigos mágicos
calem as infames
que habitam em mim
diziam os números
códigos de letras
com valores estanques
e não tive nada a dizer
remoí, remoí, remoí
sem respostas
sem ruídos audíveis aos outros
apenas algoritmos e cordas
nada do plano sabia
as vozes
as que diziam os números
queriam espaço
cavavam os ocos
visgavam olhos, ouvidos, estômago
ruminei, digeri,vomitei
comi
mastiguei as vozes
com o ódio de quem é descoberto
queria lhes dar fim
retesei cada arco
queria esgarçar
desnaturar
esvaziar
trancadas
– eu e as vozes –
travamos
corpo a corpo
marcas sem ruído
entranhas unhadas
mãos abatidas
boca esfaqueada
E agora
que o ano se esvai
rogo para que os astros
e os códigos mágicos
calem as infames
que habitam em mim
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