quarta-feira, novembro 28, 2007

abrigo




Ma vie en Provence

quando tudo parece andar na contramão
sigo para a Provence
onde o cheiro do alfazema
tira meus pés do chão

um campo de flores
simplicidade
terra
odores
sensações que dispensam palavras
minhas sempre palavras
que já não me servem de nada

dia em tom pastel


a pintura é de Egon Schiele


Fuligens

tenho uma ferida aberta
que não sangra
mas corrói

tudo é incerteza
e a dúvida me expõe à dor
gosto amargo na boca, refluxo em nível máximo
e eu sigo
a transbordar de meu pequenino corpo
que sequer sustenta minhas (as)pirações

ulcerações físicas que insistem
em acidular a minha alma

o desânimo me toma por companheira
e o tédio
– o mesmo que acorrentava o cão de Beckett
a seu próprio vômito –
está presente em meio a tanta turbulência

paro o ritmo frenético da labuta
apenas para escrever esse poema-desabafo
sufocado entre obrigações , deveres
e nenhuma vontade de nada

terça-feira, novembro 27, 2007

para meu andre



O mar, o mar
(D.H. Lawrence)

O mar dissolve tanta coisa
e a lua leva embora tão mais
do que sabemos –

Assim que a lua baixa
e o mar se apossa de nós
as cidades se dissolvem como sal-gema
o açúcar funde fora da vida
o ferro some como velha mancha de sangue
o ouro se trasmuda em sombra verde
o dinheiro sequer deixa sedimento:
só o coração
cintila em seu triunfo salino
sobre tudo o que soube e agora foi-se
na salinidade do nada.

segunda-feira, novembro 26, 2007

meta: alcançar o satori


Me apoderei da meta Zen-budista de alcançar o Satóri.

"Psicologicamente, o satóri consiste numa transcedência dos limites do ego. Do ponto de vista lógico, é a percepção da síntese da afirmação e da negação. Metafisicamente, é a apreensão intuitiva de que ser é vir a ser e vir a ser é ser"
(A Arte Cavalheiresca do Arqueiro Zen)

domingo, novembro 25, 2007

sapos, sapinhos, sapulhas


Uma das vantagens dos 30 é saber que nem todo sapo, obrigatoriamente, precisa ser engolido. O espanto, acompanhado por um sorriso amarelo e por uma bela engolida de sapo passa a acontecer apenas quando não há outro jeito.

Me tornei uma pessoa seletiva e muito prática com as "coisas" da vida. Agora, quando algo, ou alguém, me incomoda muito e não tenho obrigação – seja financeira, social ou familiar – de aturar, não penso duas vezes e jogo o lixo para fora. Não sou do tipo que dá escândalo ou desce o barraco, mas rapidamente limpo a casa e me livro do entulho engasgado na garganta.

Eu fui legal, muito legal, e mesmo assim acabei sacaneada?! Sorry, baby, terei de bani-lo do meu pequeno mundo. Minhas últimas palavras? Só não esquece de bater a porta ao sair, s'il vous plaît.

a conta dos planetas


Há semanas tenho escutado pessoas de lugares diferentes discutindo quantos planetas Terra gasta conforme seu estilo de vida. Cinco foi a média de planetas ouvidos até agora. Confesso que fiquei curiosa e entrei no tal site.

Quantos planetas eu gasto? Um planeta Terra e meio! Meu Deus, é muito! E ainda assim estou bem abaixo da média. Me senti culpada... De qualquer forma, esse valor só foi possível porque não tenho carro. Como faz diferença para a gastança dos bens naturais ter um carro...

Para diminuir a culpa, vou andar um pouco pelo bairro e refletir enquanto respiro o CO2 dos carros dos outros!

Se quiser saber quantos planetas Terra você está consumindo, entra lá no www.pegadaecologica.siteonline.com.br

O teste tem lá seus problemas mas vale para mexer com a consciência.