quarta-feira, julho 25, 2007

mondo bizarro


Olha que curioso: um erro de digitação me apresentou o genérico do meu blog. O "orelhaempe", também de uma jornalista, que iniciou seus escritos no universo blogspot em abril de 2007,um ano depois do original - o meu é claro.

Bom, como todo mundo tem direito a se expressar como bem quiser, enfio a minha viola no saco e continuo escrevendo por aqui, sabendo que num universo paralelo, no Mondo Bizarro, tem uma versão de orelha em pé às avessas. hehehe!
Ok. Vamo ae!

terça-feira, julho 24, 2007

leitura


Leitura, Renoir


Leitura: fator de desenvolvimento individual e social*

Do entrelaçamento entre a leitura, a escrita e a construção de mundo intrínseca a esse processo, surge a literatura. Uma das manifestações culturais mais importantes no que tange a reflexão e percepção sobre a vida, a construção do imaginário e da individualidade e a conexão com o outro, a literatura está associada à essência das sociedades, seja na Grécia com Homero, em Roma com Ovídio ou na Inglaterra com Shakespeare. A própria origem da palavra já estabelece esse vínculo direto com o processo de codificação da língua. O vocábulo literatura vem do termo latino littera, que significa letra, e deixa claro que não há literatura sem leitura, seja essa oralizada ou escrita. Por outro lado, ler vem do grego legei, um vocábulo marcado pela noção de reunir, de colher, que pressupõe a observação e compilação de elementos para uma posterior interpretação. Quando combinamos leitura e narrativa o que temos é um poderoso instrumento político e social que possibilita a apropriação da cidadania, a compreensão das urgências do mundo e a transgressão de ordens predeterminadas. Portanto, é impossível falar de democratização da literatura sem que antes se pense no acesso à leitura. E por isso formar leitores plenos, que vão além do funcionalismo, hoje é uma questão de ordem mundial.

No Brasil, a relação com o livro e a leitura se estabelece de fato – ainda que precariamente – com a chegada da corte portuguesa, em 1808. Nesse momento, o país passa da condição de colônia iletrada, distanciada do mundo pela escassez e proibição de informação, ao posto de sede do império português. Uma inversão nos papéis entre metrópole e colônia, benéfica para o Brasil, já que lhe permitia avançar em direção à produção intelectual. Com a corte, veio a Real Biblioteca Portuguesa, que daria origem à Fundação Biblioteca Nacional, hoje considerada a maior da América Latina e a oitava do mundo. Um enorme paradoxo para um País que, em pleno século 21, reúne uma massa de analfabetos e alfabetizados funcionais, e no qual apenas 26% da população adulta têm domínio pleno das habilidades de leitura e escrita, segundo a última pesquisa do Inaf, Indicador de Alfabetismo Funcional, realizada em 2005.

Participante ativo no processo de elaboração das diretrizes para o desenvolvimento da leitura no Brasil, o secretário executivo do Plano Nacional do Livro e Leitura (PNLL), José Castilho, vê a erradicação do analfabetismo como peça-chave para o avanço do País. “O analfabetismo é a doença terminal da cidadania. É o impedimento total do uso da capacidade de ler e participar dessa era em que vivemos. A democratização do acesso num País com problemas históricos de desigualdade passa pelo fomento de atividades de uso coletivo, como a modernização e criação de novas bibliotecas e a distribuição gratuita de livros em programas especialmente dirigidos às camadas mais excluídas da população.”

Lançado em 2006, o PNLL foi desenvolvido com base em quatro eixos: democratização do acesso; fomento à leitura e à formação de mediadores; valorização do livro e comunicação; e desenvolvimento da economia do livro. O programa tem por pauta a necessidade de formar uma sociedade leitora, medida que considera essencial para a inclusão social e para a viabilização da economia. “Pela primeira vez o País constrói uma estratégia para a leitura envolvendo organicamente os Ministérios da Cultura e da Educação. Leitura passa a ser objetivo prioritário dos dois ministérios no âmbito escolar e artístico/cultural e isso é fundamental do ponto de vista da ação do Estado. Por outro lado, o PNLL também buscou o consenso da sociedade civil, dos profissionais do setor e do terceiro setor, por entender que apenas o Estado não dará conta da imensa tarefa que é fazer do Brasil um país leitor”, afirma Castilho.

Mas nem todos os setores da sociedade concordam com a linha de atuação do PNLL e, muito menos, com o seu caráter consolidador. Há a percepção de que essa seja mais uma das iniciativas pulverizadas que vêm sendo desenvolvidas desde o século 19. Diretor e fundador da ONG Leia Brasil, Jason Prado acredita que o problema da política governamental é que ela não se alinha à real necessidade da sociedade brasileira. “Nos últimos 70 anos todas as políticas nacionais de leitura se relacionaram com a questão do mercado editorial. Mais da metade dos livros é comprada pelo Estado e o escritor acaba se prejudicando. O MEC incentiva essa relação objetal com o livro. E o Governo trabalha as questões do livro, da leitura, da cadeia produtiva do livro, mas ainda trata o leitor como elemento de formação do mercado.”

A posse do livro, tão comentada por teóricos e historiadores da leitura como um ato de “apreensão intelectual” (segundo Alberto Manguel) e de paixão pelas Letras, quando condicionada à mera relação objetal, como definida por Jason Prado, acaba por minar toda a importância da fruição e aquisição de saber. “Essa atitude é visível quando se fala da relação com o livro. Mas esse sentimento de posse só deveria se relacionar com a apropriação do conteúdo”, completa o diretor da Leia Brasil. Ainda assim, vale lembrar que ler e possuir livros no Brasil é privilégio de poucos. Segundo dados do Cerlalc – Centro Regional para Fomento do Livro na América Latina e Caribe, a média de livros lidos por habitantes é de 1,8; enquanto na Colômbia esse número sobe para 2,4; e em países desenvolvidos, como a França, o índice é de 7 livros por habitante. A sentença reflete a má distribuição de renda, evocando questões nacionais como o valor do salário mínimo (R$ 380) em comparação com o valor médio do livro (R$ 25). Ou seja, ao contrário do que deveria ser, livro é objeto de luxo.


Literatura: ferramenta de construção

O conceito de literatura tal qual conhecemos hoje não existia até meados do século 17, quando a disciplina englobava não só a narrativa de ficção como também cartas, tratados e sermões. Mas um ponto que não mudou em todos esses anos é a possibilidade de construir significados e de se relacionar com o mundo, promovida pelo texto literário.

Para Affonso Romano Sant’Anna a literatura é um gênero de primeira necessidade. “Não se vive sem símbolos, sem acionar o imaginário. Os escritores são sonhadores de utilidade pública e a literatura pode ser transgressiva, formativa e conformativa. Se poesia, se literatura não servissem para nada, duas coisas. Por que é que existe há mais de seis mil anos na história de todas as culturas? E por que todas as culturas que existem, que usam a escrita, o alfabeto, e todas as culturas ágrafas – que não escrevem – têm na sua fundação a poesia?!.”

A literatura brasileira também tem muito a dizer da cultura nacional. E apesar de todas as dificuldades com relação ao acesso, continuamos fabricando escritores de primeira linha que, por conta da desvalorização de seu trabalho, são obrigados a desenvolver atividades paralelas. “Dentre os objetivos do Plano Nacional do Livro e Leitura, uma política de incentivo ao autor e à literatura brasileira é considerada prioritária, principalmente na aproximação dos nossos autores com seu público. Ainda assim, a literatura brasileira vai muito bem, com o aparecimento contínuo de escritores talentosos e a afirmação de valores que se consagraram nos últimos anos. Além disso, um número cada vez maior de escritores se organiza em movimentos que promovem a literatura e divulgam com qualidade a produção nacional”, conta o secretário executivo do PNLL.


Uma luz para a leitura

A participação da sociedade civil, do terceiro setor e do poder privado tem sido cabal para elevar os índices de acesso à literatura nacional, complementando a atuação governamental. As iniciativas vão da criação de bibliotecas comunitárias à formação de mediadores da leitura e se estendem por todo o território nacional, alcançando, inclusive, as áreas remotas.

Este é o caso da Expedição Vaga Lume, um programa que atua em comunidades rurais de quatro municípios da Amazônia legal brasileira, promovendo o acesso ao livro e à leitura a partir da distribuição gratuita de acervos de literatura e da capacitação de mediadores de leitura. “Os mediadores são os verdadeiros veículos de democratização cultural, uma vez que levam a literatura até as pessoas e resgatam a narrativa oral existente nas comunidades”, explica Sylvia Guimarães, fundadora e presidente da Expedição Vaga Lume. O projeto nasceu do sentimento de que a Amazônia era muito rica para não contar com nenhum investimento em sua população. E o nome Expedição Vaga Lume veio do fato do trabalho ser expedicionário – a configuração geográfica das áreas atingidas diz por si só – e por “iluminar as comunidades com as luzes da biblioteca”.

Sete anos depois de iniciado, o programa contabiliza bibliotecas em 84 comunidades rurais de 19 municípios, além de 1000 mediadores formados, entre eles, professores que foram fazer mestrado e escolheram como tema o incentivo à leitura. O projeto também gerou uma nova fonte de diversão para comunidades como Alter do Chão, em Santarém, onde as 135 famílias envolvidas retiram, diariamente, 180 livros. “A capacitação quebra paradigmas com relação ao livro, tratando-o como objeto cultural. Para isso, oferecemos um curso sobre medição de leitura e sobre como gerir a biblioteca e a memória local. A responsabilidade do mediador é fazer com que os livros sejam lidos, além de atuar como leitor público. Usualmente, os alunos da mediação – professores da rede pública e lideranças comunitárias – entrevistam os idosos e contadores de história de sua comunidade e, como resultado, produzem um livro artesanal que, depois, é impresso e incluído no acervo da biblioteca”, diz Daniela Weiers, assessora executiva do projeto. Para ampliar esse alcance, a Expedição Vaga Lume elegeu 2007 como o ano da capacitação de agentes multiplicadores. A nova fase deve configurar uma releitura da relação entre o projeto e a comunidade. “A idéia é transformar o mediador em agente multiplicador, cabendo à Expedição a supervisão do trabalho”, completa a assessora executiva.

Com foco na comunidade escolar da rede pública de ensino, a ONG Leia Brasil promove a leitura em mais de 700 escolas, utilizando como instrumentos oficinas caminhões-biblioteca, publicações, cursos e eventos culturais. “Trabalhamos há 16 anos com a perspectiva de instrumentar uma ação de promoção da leitura no âmbito da escola pública. Nosso objetivo é dar aos professores outras armas de enfrentamento da leitura além dos cursos clássicos de formação, que não têm uma linha direcionada para a literatura e a construção do imaginário. Com isso, pretendemos que textos de escritores como Machado de Assis não sejam usados apenas para a análise sintática e, sim, para fomentar a libertação e a construção da subjetividade”, explica o presidente da ONG. No que diz respeito aos professores, a Leia Brasil disponibiliza livros e oferece cursos e encontros com escritores, além de editar uma publicação que reúne uma seleta de artigos que visam relacionar literatura e artes.

Para o secretário executivo do PNLL, José Castilho, as iniciativas que formam leitores e incutem o encantamento pelo livro são muito bem-vindas não só para o Governo como para a sociedade. “Facilitar o acesso ao livro e à literatura é uma responsabilidade social extremamente importante nessa etapa histórica vivida pelo País. Iniciativas que atuam nessa linha, permitem a formação de uma consciência cidadã, sentimento extremamente incentivado nos momentos mágicos de isolamento total do leitor com o conteúdo da obra que lê. A consciência se forma no ato individual de reflexão do leitor consigo mesmo, provocado pela leitura e pelas inquietudes que ela proporciona. Um país sem cidadãos conscientes não é, em última instância, uma nação e pode ser manipulado, vilipendiado e invadido de forma a ter maculados, fortemente e indelevelmente, sua história, tradições, idioma e identidade”, conclui.


*Publicado no Boletim da Democratização Cultural

escrever para mim é prazer e trabalho

Fiquei muito tempo sem aparecer por aqui, então, para diminuir esse delay até zerar, resolvi publicar o que tenho escrito profissionalmente.

look Pan


O tempo da piada pode até ter passado, mas não vou deixar de comentar.
Que roupitcha* era aquela dos ginastas venezuelanos? O infeliz que teve a brilhante idéia de vestir os coitados de veludo azul molhado, definitivamente, estava torcendo contra!

*Pena que eu não achei o uniforme completo: "cunjunto" de regatinha e short coladinho no corpo.