terça-feira, agosto 08, 2006

Saudade

Tem pessoas que saem da sua vida sem qualquer alarde e parece que nunca nem existiram na sua história. Mas tem aquelas que realmente fazem falta, das quais você certamente vai lembrar com muita saudade e carinho pelo resto da vida. Um dia, fazendo compra, preparando um prato qualquer, ou mesmo a reboque do perfume de alguém, você sorri com certa melancolia e lembra do amigo que tanto foi presente em alguma fase da sua vida.
A primeira vez que eu senti pesar por amigos que se iam, eu tinha uns 15 anos, passando da oitava série para o segundo grau. E a minha mãe me disse para aproveitar aquele último período com aquelas pessoas, ao invés de chorar por uma amizade que ainda não tinha terminado. "Você vai passar por muitas separações e essa é só a primeira". Ela tinha toda a razão - como na maior parte das vezes. Muita gente legal passou pela minha vida, sempre deixando alguma contribuição valiosa, mesmo quando negativa. E fui me formando, juntando um pouco de um aqui e de outro ali, a partir de toda esta matéria humana.
Hoje, entendo que o trânsito de gente é importante e natural. Você perde contato com pessoas que adora, porque não tem tempo - ou fica com preguiça, ou tem receio de incomodar - de pegar o telefone e dar um toque, de encontrar para um chopp, ou até por falta de habilidade com follow de amigos. E o trânsito vai fluindo, você conhece pessoas interessantes, deixa de ver outras nem tão legais assim, e passa pela vida de muita gente da mesma forma que passam pela sua.
Ainda assim, sinto falta do meu amigo Pablo. Da amizade desinteressada; das nossas conversas muito engraçadas e sem papas na língua; de suas receitas maravilhosas e rebuscadas; das milhares de garrafas de vinho que tomamos juntos, tentando adivinhar as notas de sabor; dos papos loucos dele com o Andre, meu maridão; de sua família fascinante e artística; e, principalmente, de sua generosidade e atenção. Foi uma dessas amizades que marcou a vida de toda a minha família e que aos poucos foi se desfazendo na poeira dos mal-entendidos e das mudanças bruscas da vida.
Eh, Pablo, espero que você esteja muito feliz, cozinhando a valer por aí, e fazendo amizades tão especiais como a nossa.

2 comentários:

Anônimo disse...

Nossa, Pri, assim cê quebra minhas pernas! Essa vai ser uma TPM das brabas...
Saudade de tanta gente. De você também, viu?

Anônimo disse...

Essa é uma palavra só nossa, genuinamente brasileira, mas que resume muitos sentimentos... Pode ser pela distância, pelos laços temporariamente interrompidos com a morte (pra quem como eu que acredita na vida eterna), pelas boas lembranças das nossas vivências, pelos bons amigos e pessoas que deixamos de ver e passaram na nossa vida deixando uma marca... Confesso que tenho uma relação mal resolvida com a saudade. Um misto de angústia, de impotência e uma vontade de criar uma máquina do tempo pra poder reviver, mesmo que só por um instante, aquele tempo ou momento, ou a companhia daquela pessoa... Procuro, instintivamente, bloquear esse sentimento, simplesmente não pensar, pq qdo isso acontece as lágrimas rolam sem força, naturalmente... Mas sei que não devemos pensar desse jeito, mas sim como lembranças boas, eternas e que nada, enm ninguém, vai nos tirar, passe o tempo que passar...