domingo, março 11, 2007

Masp - esperava mais

Fui visitar um cliente na Avenida Paulista, bem em frente ao Masp. A reunião foi relativamente rápida e às 15h30 de uma sexta-feira eu já estava liberada. Não pensei duas vezes. Atravessei a rua e, depois de um ano e nove meses de São Paulo, finalmente fui conhecer o Masp - o lado bom de ser dono do próprio nariz... e do trabalho também.

Só pela arquitetura da Lina Bo Bardi e por todos os anos em que quis conhecer o museu, já teria valido. Fui sem nenhuma expectativa com relação às exposições, com a mente e os sentidos abertos. Só isso. E dei de cara com um Boesch, um Van Gogh, um Degas e, um dos meus preferidos, um Modigliani.


Fora os grandes pintores - como se isso fosse pouco -, fiquei bastante decepcionada. Ao atravessar a Paulista, já se vê o cenário, e ele não é nada bonito. O que deveria ser um sólido vazio, quase existencial, um rasgo na paisagem urbana, destaque do projeto de Bo Bardi, se tornou um espaço ocupado... Grupos de pivetes e mendigos fizeram do vão criado por Bardi um ponto de encontro em pleno centro financeiro e cultural de São Paulo. É triste de ver. Mais de uma dezena de moradores de rua ocupando um espaço que não deveria ser ocupado e, ao mesmo tempo, impedido de ocupar um espaço que deveria ser desfrutado, o próprio museu. A entrada custa R$15.


Como é do meu feitio, puxei papo com o porteiro do prédio e o segurança. Acostumados com a movimentação da vizinhança, eles me contaram que tinha até pouca gente, "sexta-feira, sabe como é". Pelo o que entendi, o Masp virou abrigo para a população de rua das redondezas e ainda serve de QG para os moleques que assaltam os passantes quando cai a noite, "eles vão certeiros nos engravatados", diz o segurança. i r o n i a

Um comentário:

Anônimo disse...

Nunca imaginei também que o MASP estivesse tao largado assim, uma triteza... Um dos lugares mais comentados do Brasil como referência em arte e exposições... Um descaso, uma falta de respeito à população, aos artistas, à arte em si... Essa questão da mendicância e da pivetada no entorno, um retrato da grande São Paulo. Aliás, tanto na matéria do Globo Repórter, como dos jornais da Record e Band, a violência de SP, com assaltos em bando a pedestres, bem como o consumo de drogas ao ar livre diurno e noturno, tem sido noticiadas diariamente... A polícia têm câmeras espalhas por toda a cidade e monitora tudo, sabe onde ocorrem os delitos e muitas vezes quem os comete.... No entanto, nada é feito... Não sei onde está pior em termos de violência, Rio ou São Paulo... Só sei que já estamos no limite, que está demais... Às vezes da vontade de largar tudo e ir embora, mas pra onde? Onde está melhor? E onde está melhor tem emprego digno? Penso tb na saudade insuportável da família e amigos e na preocupação com os que permaneceriam na guerra civil urbana... Tem jeito não... É rezar pra não acontecer nada conosco, pra melhorar, pra mudar... Bjs