:“ano da comunicação”
diziam os números
códigos de letras
com valores estanques
e não tive nada a dizer
remoí, remoí, remoí
sem respostas
sem ruídos audíveis aos outros
apenas algoritmos e cordas
nada do plano sabia
as vozes
as que diziam os números
queriam espaço
cavavam os ocos
visgavam olhos, ouvidos, estômago
ruminei, digeri,vomitei
comi
mastiguei as vozes
com o ódio de quem é descoberto
queria lhes dar fim
retesei cada arco
queria esgarçar
desnaturar
esvaziar
trancadas
– eu e as vozes –
travamos
corpo a corpo
marcas sem ruído
entranhas unhadas
mãos abatidas
boca esfaqueada
E agora
que o ano se esvai
rogo para que os astros
e os códigos mágicos
calem as infames
que habitam em mim
Nenhum comentário:
Postar um comentário