domingo, fevereiro 24, 2008

um dia e quem sabe...



um dia
– e quem sabe esse ano –
as palavras não estarão mais na estante
trancadas em livros que não leio

as palavras não estarão mais trancadas em mim
em um lugar que mal posso alcançar



um dia
– e quem sabe esse ano –
todas as palavras
confusas em seu estado bruto e diversidade
se reunirão em combate contra todo o emburrecimento
contratado mensalmente

e o estresse que impede as palavras de se organizarem
a expressão e qualquer possibilidade de pensamento
quedará cansado
diante da turbulência e urgência de minhas palavras
diante do embate de minha vida




um dia
– e quem sabe esse ano –
tudo o que eu tocar
vai se transformar em palavras
silenciosas,
mas profundamente audíveis
em toda a sua estrutura


então, as palavras se encontrarão em torvelinho
em plena forma
ao alcance de minha língua


e, ao invés de queimar, ferinas as palavras
vão preencher todas as lacunas
de punho em riste
vão sair por aí, independentes de minha vontade
entregues à sua própria condição de palavra


sinto falta da lucidez e insanidade de minhas palavras em desalinho...

3 comentários:

Anônimo disse...

que lindo e profundo pri. e que desabafo! espero que esse dia chegue ainda esse ano. só de vc voltar a escrever no seu blog, já fico feliz! beijos. ellen

christiana disse...

adorei, Priscila!
Beijos da sua colega carioca e também poeta!

Bibi disse...

Muito bom, cadê minha escritora favorita???? "Eu sinto sua falta, não posso esperar tanto tempo assim..." Hehehehehe... "Me sito só, me sinto só, me sinto tão só..."